sábado, diciembre 01, 2012

INEXISTO PARA VOCÈ?

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@ VITALINA DE ASSIS






"Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível.” (Adélia Prado)




Parece-me que Adélia Prado encontrou o homem da sua vida, e o que é mais encantador, casou-se com ele. (Algumas mulheres o encontram, entretanto, não os reconhecem e vivem uma eterna insatisfação.) Acredito que ela não o tenha encontrado como idealizamos em nosso imaginário, um ser perfeito, lindo, irretocável! Seres assim existem? Dê uma espiadinha ao seu redor, levante o olhar, mire o mais longe que puder, encontrou-o? Mude de bairro, cidade, país, deparou-se com ele (a)? Este ser, nas entrelinhas de Adélia posso ler, não é e nem poderia ser a perfeição em pessoa, daí a necessidade imensurável de aprender e mais, tornar este ato, imperativo. “Aprendo. Te aprendo, homem.”


Encontrá-lo talvez não seja tão trabalhoso como procurar agulhas no palheiro, (Sinceramente? Estou quase preferindo fazer isto.) entretanto, segundo a brilhante escritora, o caminho é ingressar no mundo da aprendizagem e aprender, aprender, continuar aprendendo por uma vida inteira e reter na memória “imperecível” o que se aprendeu, pois amemória perecível “focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade”. Aprender nos custa e guardar na memória então, nem se fala. Sem pretensões de analisar o “Para o Zé” de Adélia Prado que, desconsiderando-seesquemas métricos e rítmicos poderia intitular-se: “Ode do Amor”, mas desconfio ter sido intenção da autora, primar pela simplicidade. Não são simples os grandes amores? Me responda você, pois quem sou eu para atrever-me a tanto. Deter-me-ei na epígrafe, não ousaria falar de grandes amores, não conheço um grande amor, não vivo um grande amor, mas desejo ardentemente encontrar o homem da minha vida, posso ao menos desejar? Encontrar ou aprender? "Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.”


Aprendemos algo novo todos os dias e por ser cansativo o ato de aprender, alguns sonham com uma aprendizagem “download”, seria incrível inserir um chip, baixar um programa, de preferência deitado confortavelmente em uma bela poltrona e zás... conhecedor do bem e do mal. Para Adão e Eva, tal conhecimento custou-lhe o paraíso e a vida eterna. Nada que vem fácil, sem custos, é sustentável a longo prazo. Adélia possui a consciência de que não se ama com o coração, estaria aqui seu segredo? Afirmamos amar com este órgão que bate em nosso peito, e Adélia, que a memória ama e mais, que o seu amar “memória” fica eternizado. Memória não é um órgão que se possa tocar, “memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis”. Adquirir, armazenar, recuperar e em outras palavras: obter, consolidar, evocar, seriam estes, verbos conjugados pelo amor?


O amor não é simplesmente fruto do acaso, coincidência, sorte, golpe do destino, recompensa, embora muitas vezes nos pareça assim. O amor se conquista, é um bem que se adquire e que necessita ser consolidado dia a dia, pois vulnerável em alguns aspectos, pode enfraquecer-se ou optar pela inexistência, (Inexisto para você!) se tratado de forma leviana. Seria ele, caprichoso a este ponto? Por vezes o temos por perdido, esquecido em lugares de difícil acesso, exilado em outra galáxia, tão além do nosso merecer, entretanto, tão acessível, a um passo do aprender que precisa ser consolidado dia a dia com o intuito de fortalecê-lo, torná-lo sólido, “sabido”. Te amo com a “memória imperecível”, que aprendeu que amar é: o trabalho incessante de trazer à lembrança, reproduzir na imaginação, evocar o passado onde se amou e torná-lo presente, seja qual for a estação reinante, seja qual for a força dos ventos.

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